Em 8 de maio de 1945, encerrava-se uma das fases mais sombrias da humanidade, a Segunda Guerra Mundial. Na data de hoje, em que se comemora a vitória aliada contra o nazi-fascismo, cabe-nos reverenciá-la como um marco da superação do autoritarismo pelos regimes democráticos, em prol da boa convivência entre os homens.
Iniciada em 1º de setembro de 1939, com a invasão da Polônia pela Alemanha, encontrou terreno fértil para que o nazismo, juntamente com o fascismo, rapidamente espalhassem o terror da conflagração pela Europa e pelo mundo.
O Brasil, que sempre possuiu a tradição de buscar a solução das contendas por vias diplomáticas, se viu envolvido nas hostilidades quando submarinos alemães e italianos passaram a atacar e afundar os mercantes nacionais, com o propósito de interromper o transporte de produtos para seus inimigos, na que ficou conhecida como a "Campanha do Atlântico".
Para manter ativo o comércio internacional, precisávamos preservar o fluxo das mercadorias, o que era, em sua quase totalidade, realizado pelo oceano, inclusive para importar os combustíveis derivados do petróleo – ainda indisponíveis em nosso território – e o carvão de boa qualidade.
Naquele contexto global, foi praticamente inevitável o envolvimento no conflito, o que foi formalizado em 31 de agosto de 1942, após vários afundamentos com a morte de muitos brasileiros e, também, em atendimento a expressivo clamor popular.
Apesar de militarmente despreparados, passamos a participar da luta no mar. Nela, a Marinha Mercante sofreu 33 ataques de submarinos hostis e teve a lamentar 982 perdas de vidas. A Marinha do Brasil, a quem, desde o início dos combates, coube a tarefa de garantir as linhas de navegação de longo curso e de cabotagem, adotou a estratégia de formar 575 comboios, com 3164 embarcações protegidas por escoltas, tendo perdido 3 de seus navios, com 486 mortos.
Cabe ressaltar, também, a efetiva participação da Força Aérea, que realizou inúmeras missões de patrulha, tendo seus aviões detectado e afundado submersíveis adversos ao longo da costa. Os fortes do litoral, guarnecidos pelo Exército, exerceram, eficazmente, a tarefa de dissuadir possíveis bombardeios navais às cidades que protegiam.
Em 1943, a Nação decidiu participar ofensivamente no Teatro de Operações da Europa e, de julho de 1944 a fevereiro de 1945, embarcou para a Itália a Força Expedicionária Brasileira, com um total de aproximadamente 25 mil homens.
Incorporada aos aliados, a FEB tomou parte em diversos combates, destacando-se a tomada de Monte Castelo e a Batalha de Montese. Mais uma vez, o nosso soldado confirmou possuir excelente adaptabilidade às novas situações e ambientes, demonstrando ter coragem em ação e bondade com a população, merecendo o respeito de todos os combatentes.
A Aeronáutica, por sua vez, enviou para a Itália o Primeiro Grupo de Aviação de Caça. Entre 11 de novembro de 1944 e 4 de maio de 1945, foram realizadas 445 missões apoiando as tropas, interrompendo as vias de comunicação inimigas e destruindo instalações militares e industriais do norte, região ocupada pelos alemães. Além disso, forneceu pessoal para a 1ª Esquadrilha de Ligação e Observação, que apoiou a Artilharia Divisionária da FEB, realizando 682 missões de combate e mais de 400 para regulagem de tiro.
Em solo europeu, o Exército perdeu 457 soldados e a FAB, 8 aviadores. Sacrificaram suas vidas pela paz e, juntamente com os que faleceram no mar, merecem ser lembrados para sempre.
Apesar de passados 65 anos, não devemos nos esquecer das lições aprendidas. Atualmente, o mundo vive momentos de vocação para o diálogo, de união de esforços com vistas ao bem comum e de preservação dos valores individuais. Entretanto, é prudente levar em consideração as características intrínsecas à natureza humana que, motivada pelos mais variados fatores, tais como diferenças culturais e religiosas, realidades econômicas e sociais heterogêneas, escassez de fontes de energia, degradação ambiental, entre outros, pode reconduzir alguns povos às atitudes belicosas do passado.
Assim, mais do que nunca a sociedade precisa conscientizar-se do papel relevante desempenhado pelo País no cenário internacional, percebendo a importância de contar com um Poder Militar adequadamente preparado para dissuadir ações antagônicas aos nossos interesses.
No presente momento, quando as questões relacionadas à garantia da soberania passam a fazer parte da agenda brasileira e a população começa a conhecer e discutir a Estratégia Nacional de Defesa, o nosso esforço na Segunda Guerra, rememorado no "Dia da Vitória", deve servir de motivação para que tenhamos sempre em mente as responsabilidades que nos são afetas, em prol de uma Pátria livre, próspera e justa.
Nesta data de honra e saudade, que fiquem registrados o nosso reconhecimento, admiração e respeito aos heróis daquele tempo; e a perene gratidão aos que não retornaram aos braços de seus entes queridos, cujos nomes estão gravados no interior deste Monumento.
NELSON AZEVEDO JOBIM
Ministro de Estado da Defesa
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