domingo, 15 de abril de 2012

A Grande Estratégia

A Grande Estratégia

por Claudio Pedrosa de Oliveira

A primeira aproximação

Todos nós aprendemos que a única certeza na vida é "a morte" o resto é uma grande incerteza. Certo? Não, errado, dependendo do limite temporal podemos ter outras certezas sobre o futuro.

A morte é uma certeza, por enquanto, absoluta e atemporal, ela sempre ocorreu, ocorre e ocorrerá, ora mais cedo, ora mais tarde.

Basicamente, a sobrevivência do ser humano se dá conforme a sua capacidade de: se adaptar as situações vigentes; perceber a continuidade e prever certos eventos no futuro próximo; e inventar soluções para facilitar o seu cotidiano.

a. Se o tempo esta ruim se abriga, se o inimigo é mais forte se une ou cria o fogo para afastá-lo.

b. se chove procura abrigo, se vai chover não sai de casa ou pega o guarda-chuva e sai.

c. se falta comida vai arrumar mais, se não vai dar para todos, então..."ao vencedor, as batatas"[1].

Essa é a lógica que nos conduziu até aonde chegamos e continuará nos guiando até que se mude este paradigma terrestre. A observação do passado nos levando a entender o presente, e a evolução científica mudando a velocidade das alterações e criando desvios para o futuro previsto.

Para completar as bases desta estratégia devemos juntar a dualidade da nossa existência noite e dia, frio e calor, yang e yin, fim e começo e as perdas aceitáveis do confronto. Quando vencemos sempre perdemos alguma coisa. Simplificando, o fogo que nos protege, se mal utilizado, pode nos queimar e tem como consequência inexorável a poluição do planeta.

Terminado a apresentação da lógica vamos buscar a base do desenvolvimento. Imagine você como uma pessoa recém formada, destaque da turma, sendo recrutada para fazer parte de um grupo de cinquenta pessoas, um grupo totalmente eclético tanto em conhecimento como em idade e que irá crescer ao longo do tempo na medida de cinquenta pessoas por geração até atingir um total de trezentas pessoas ou seis gerações de pensadores. Seu objetivo é analisar o presente com vistas no passado e prever o futuro.

Todos os membros do grupo são independentes e não existe nenhum tipo de censura nas ideias apresentadas. Um brainstorming[2], permanente, com a finalidade de auxiliar as ferramentas que permitirão a escolha das estratégias para fazer frente as adversidades do futuro ou conseguir o melhor aproveitamento das oportunidades que surgirem.

Entendido o desenvolvimento, passamos aos temas básicos para análise genérica.

a. O que aconteceu nos últimos cem anos que vai se repetir nos próximos cem?

b. Quais foram os inventos mais significativos, para o desenvolvimento da humanidade, nos últimos cem anos?

c. O que será inventado nos próximos cem anos?

Imagine quão vasto a gama de respostas para estas perguntas, vários labirintos sem saída, mas quando trabalhadas e agrupadas começam a dar forma ao esqueleto que sustentará a grande estratégia.

Vamos nos ater somente ao primeiro item, "O que aconteceu nos últimos cem anos que vai se repetir nos próximos cem?", para podermos imaginar as linhas estratégicas que se apresentariam após o teste do AEA (aceitável, exequível e adequado)[3]. Assim, além das varias opções possíveis vamos nos ater primeiramente à duas:

· Vamos continuar poluindo.

· Vamos continuar nos multiplicando.

Com as duas linhas de "futuro previsível" temos as perguntas que vão dar continuidade à novas analises:

1- Como evitar o problema?

2- Como minimizar o problema?

3- Como conviver com o problema?

Dentro do caminho das alternativas "2" e "3", temos:

a. Quais as oportunidades (econômicas, políticas, etc) que podem surgir durante o processo?

b. Qual a maneira para cessar o processo, quando ele perder a sua utilidade?

c. Quando cessar o processo?

Para podermos aprofundar o estudo da composição do esqueleto vamos reduzir as alternativas de analise e nos fixar na segunda linha de futuro previsível, "Vamos continuar nos multiplicando."

Podemos evitar este crescimento?

Sim, podemos imaginar algumas maneiras de evitarmos, mas no momento as ações em questão não são aceitáveis, ainda.

Se não podemos evitar o problema como podemos minimizar os seus efeitos?

Levando em consideração a dualidade de nossa existência, podemos atuar no fim ou no começo :

I. Aumentando o número de mortes no planeta.

II. Diminuindo o número de nascimentos no planeta.

Para materializar o nosso raciocínio vamos dar algumas possibilidades:

Aumentando o número de mortes no planeta.

· doenças - que podem ser novas ou recriação de antigas;

· guerras de ordem política ou religiosa - alimentando os grupos antagônicos para perenizar e ou ampliar os conflitos; e

· falta de bens de primeira necessidade - comida e água.

Diminuindo o número de nascimentos no planeta.

· política de controle de natalidade;

· incentivo ao homossexualismo;

· inclusão de agentes anticoncepcionais nos alimentos sólidos e líquidos, não aceitáveis ainda.

Assim, se nos permitirmos extrapolar e pensar livre e friamente sobre o assunto e os acontecimentos veremos que os fatos estão interligados. Quando pensamos em uma estratégia maior vemos que todas as atitudes são levadas a ordem mundial e são costuradas com pequenos, mas firmes pontos de modo a garantir a sua eficácia.

Poderíamos nos aprofundar em ações de múltiplas ordens: econômica, social, humanista e etc. para justificar atos públicos, mudanças de comportamento das sociedades, entendimentos modificados pelo sistema jurídico, ou simplesmente o tipo e conteúdo dos meios de diversão, televisíveis, audíveis ou táteis.

Temos que estar atentos a construção do nosso dia-a-dia e de como os meios de comunicação estão nos flexionando em determinada direção. Seremos nós donos do nosso destino ou meros piões no tabuleiro das grandes nações?

Tudo pode estar relacionado a Grande Estratégia ou a "Névoa do Acaso". Cabe a cada um tirar as suas conclusões. Você acredita na Grande Estratégia?



[1] Memórias Póstumas de Brás Cubas Autor: Machado de Assis

[2] O brainstorming ou "tempestade de ideias" é uma atividade desenvolvida para explorar a potencialidade criativa dos indivíduos, buscando nas diferenças de seus pensamentos e ideias um denominador comum para que possam chegar a ideias inovadoras que melhorem a condução do projeto.

[3] Adequada se puder, por si própria, cumprir o seu propósito.

Exequível se puder ser implementada com os meios e tempo disponíveis, bem como em face da oposição existente.

Aceitável se os prováveis resultados compensam os custos estimados.